segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Florbela Espanca (Portugal)
Saudades
Saudades ! Sim..
talvez... e por que não ?
Se o nosso sonho foi tão alto e forte que bem pensava vê-lo até à morte
deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer ! Para quê?...
Ah! como é vão !
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte deve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vêzes, Amor, já te esqueci,
para mais doidamente me lembrar.
mais doidamente me lembrar de ti !
E quem dera que fôsse sempre assim:
quando menos quisesse recordar
mais a saudade andasse presa a mim !

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